Pesquisa apresentada na XXI Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, serve como um guia para produtores e técnicos que buscam adotar práticas agrícolas que visam a recuperação de pastagens degradadas, especialmente em ecossistemas sensíveis como o Cerrado, onde a sustentabilidade da produção agrícola depende diretamente da preservação dos recursos naturais.
O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Embrapa em áreas do Cerrado, revelou a importância das práticas agrícolas sustentáveis na manutenção da porosidade do solo. A pesquisa demonstrou como essas práticas são essenciais para a preservação de características naturais do solo, como a porosidade e a agregação, mesmo em áreas cultivadas, comparando-as com regiões de mata nativa. Entre as práticas destacadas, o manejo adequado de pastagens degradadas foi um dos principais fatores que contribuiu para a recuperação do solo.
O Papel das Pastagens Bem Manejadas
O estudo focou em três sistemas de manejo agrícola, incluindo a pastagem produtiva com capim mombaça. Os resultados mostraram que a conservação da porosidade do solo é possível através de técnicas como a rotação de piquetes e o controle da taxa de lotação animal. Essas práticas permitem que as pastagens tenham tempo de recuperação, evitando a compactação do solo causada pelo pisoteio do gado. Além disso, promovem o desenvolvimento de raízes mais profundas e robustas, que são fundamentais para o aumento da matéria orgânica no solo, o que melhora sua estrutura e a capacidade de infiltração de água.
Segundo o pesquisador da Embrapa Solos, David Campos, o controle da lotação animal é crucial para evitar danos à porosidade do solo:
"A rotação de piquetes oferece períodos de descanso para a pastagem, permitindo que o sistema radicular se fortaleça e, consequentemente, melhore a qualidade do solo", explica Campos.
Plantio Direto como Alternativa Sustentável
Outro ponto de destaque da pesquisa foi a eficácia do plantio direto no controle da compactação do solo. A prática, utilizada em áreas de cultivo de milho, mostrou que a ausência de maquinário pesado e o intervalo entre colheitas ajudam a manter a estrutura do solo intacta, favorecendo a infiltração de água e o crescimento das raízes. Isso contribui diretamente para a recuperação de áreas anteriormente degradadas e para a manutenção da produtividade.
Sustentabilidade e Preservação do Cerrado
O bioma Cerrado, conhecido por sua rica biodiversidade, é também altamente vulnerável às práticas agrícolas inadequadas, que podem levar à compactação do solo e à redução da capacidade de infiltração de água. A pesquisa reforça que o manejo adequado do solo, incluindo a recuperação de pastagens degradadas, é vital para a sustentabilidade desse ecossistema e para a longevidade da produção agrícola na região.
Érika Pinheiro, pesquisadora da UFRRJ, enfatiza a importância da densidade do solo na manutenção de sua saúde:
“Solos compactados perdem a capacidade de suportar o crescimento radicular e a emergência das plantas, o que afeta diretamente a produtividade agrícola no Cerrado”, explica.
Conclusões e Impactos para o Setor Agrícola
Os resultados deste estudo trazem uma mensagem clara para o setor agrícola: é possível conciliar produção e conservação ambiental. Práticas sustentáveis, como o manejo correto de pastagens e o uso de sistemas de plantio direto, podem manter a qualidade do solo em níveis semelhantes aos das áreas nativas, garantindo a viabilidade econômica e a saúde ambiental no longo prazo.
A pesquisa, apresentada na XXI Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, serve como um guia para produtores e técnicos que buscam adotar práticas agrícolas mais sustentáveis e garantir a recuperação de pastagens degradadas. Isso é especialmente relevante em ecossistemas sensíveis como o Cerrado, onde a sustentabilidade da produção agrícola depende diretamente da preservação dos recursos naturais.
A adoção dessas práticas aponta para um futuro em que a produção agrícola pode ser realizada em harmonia com a natureza, garantindo tanto a segurança alimentar quanto a conservação do solo para as próximas gerações.